Bruchim Habaim - Sejam Bem Vindos à NetSinagoga

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Misheberach Lechaialei Tzahal

Misheberach Lechaialei Tzahal
Prece pelos Soldados de Israel - Aquele que abençoou nossos pais Avraham, Itschak e Yaakov, abençoará os soldados das Forças de Defesa de Israel, que guardam a nossa terra e as cidades de nosso D-us (...) O Santo, bendito seja Ele, guardará e livrará os nossos soldados de toda angústia e aperto, e de toda ocorrência e enfermidade, e mandará bênção e sucesso em todos os seus atos (...) e digamos AMEN. (que os méritos das preces e estudos aqui realizados sejam revertidos como bênçãos a Alisha bat Devora)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Saindo do cerco parte 2

O dia 9 de Av relembra a tragédia que assolou o povo judeu. O golpe mais duro em seu orgulho religioso: a destruição de seus Templos Sagrados. Focos de peregrinação por séculos, eles transformaram-se no centro de atenção do judaísmo, sendo comparado, por muitos escritores, ao coração humano. Com a destruição do Segundo Templo, inicia-se a Grande Diáspora, na qual o povo, outrora feliz em sua terra natal, torna-se um conjunto de apátrios, exilados a países desconhecidos, espalhados entre povos nem sempre amistosos.
Em nossas vidas também procuramos centralizar nossos “focos”. Voltamos nossas faces às coisas as quais damos valor; valor que, nem sempre, é merecido. Cultuamos estes valores como um templo. E, quando nosso “centro” é destruído, nossa estrutura fica completamente abalada, fazendo-nos cair por terra. Imaginamos que nada mais tem sentido, e que nossa vida perdeu totalmente o seu rumo.
Hoje vamos falar sobre o outro lado. O que ganhamos com a destruição?
A mística judaica ensina um conceito muito interessante: ieridá tsorech alyiá - queda em função de uma ascensão. Para entendermos melhor, nossos sábios contam a seguinte história:
“As pessoas repararam que o rabino Shelomo vivia passeando por lugares de péssima fama. Os fiéis começaram a pensar que havia abandonado a busca espiritual e agora só desejava divertimento.
As conversas circularam, e ninguém ia mais à sinagoga. Um rapaz resolveu advertir o rabino: - “O senhor freqüenta lugares suspeitos. As pessoas andam comentando e não gostam disso.
O rabino respondeu: - “Se você quer tirar um homem da lama, não basta estender a mão de longe, porque os braços são curtos demais. A única solução é também entrar na lama, segurá-lo firme e puxá-lo para fora. É exatamente isto que estou fazendo. E minha tarefa é mais importante que a hipocrisia dos falsos devotos.”
A queda nem sempre implica em rebaixar-se. Às vezes torna-se necessária uma destruição de nossos valores (aqueles que elegemos como tais), para mostrar-nos o quão valiosos realmente são. A destruição dos Templos de Jerusalém ensina que a santidade deve transcender as limitações do ouro, prata e pedra. Somente com a descida - a procura pela humildade - é que podemos reparar os pilares que sustentam a nossa existência. De baixo é que começamos a escalada rumo ao topo, passo a passo, degrau por degrau.

Eis os eventos que aconteceram no dia 9 de Av, na História Judaica:

· foi decretado que a geração libertada do Egito não entraria na Terra Prometida;
· os dois Templos foram destruídos;
· no ano 133, a cidade de Betar foi destruída, com a morte de cerca de meio milhão de judeus;
· em 1290, o rei Eduardo decretou a expulsão dos judeus da Inglaterra;
· em 1492, os reis da Espanha decretaram a expulsão dos judeus de seus domínios;
· em 1648, os cossacos atacaram a comunidade judaica de Constantinopla, matando três mil pessoas;
· em 1941, foi promulgado e decreto que criava o Gueto de Varsóvia;
· em 1942, forma inauguradas as câmaras ed gás de Auschwitz (23 de julho);
· em 1955, a primeira vez que um avião da El Al é abatido, no espaço aéreo búlgaro.

Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Uma boa semana a todos


Como são belas as maravilhas de D-us...

domingo, 15 de julho de 2007

Aprendendo a parar


A Parashá lida neste último Shabat trata sobre a permanência do nosso povo no deserto. Mais precisamente, relata todos os lugares onde acamparam. Quarenta e dois acampamentos em quarenta anos de travessia. O que mais chama a atenção, entretanto, é o nome da leitura: Massê. “Estas são as viagens (massê) dos filhos de Israel que saíram da terra do Egito...”(Números 33:1), assim relata a Torá. Mas que viagens são estas? Afinal, ficaram muito mais tempo acampados que propriamente dito viajando. Não seria mais correto dizer “estes são os acampamentos dos filhos de Israel”, já que a ênfase bíblica está nas suas paradas e não nas viagens? E mesmo assim, a viagem foi apenas uma e não várias: saíram do Egito e iam à Terra Prometida. O que aprendemos de tudo isso?
As paradas foram extremante importantes para o povo. Foi nelas que tudo de mais extraordinário aconteceu, tanto para o bem como para o mal. Foi na parada que o povo recebeu a Lei do Monte Sinai; foi nela que, também, curvou-se ante o bezerro de ouro. Foi na parada que colhia diariamente a maná – o alimento milagroso – que o sustentava; foi nela também que se rebelou juntamente com Corach e seus seguidores. Assim também, a parada era o momento de receber a revelação de D-us: o Eterno não se dirigia ao povo nas viagens, mas nas paradas. E a cada uma, um novo fato dava energia e impulso para que eles pudessem seguir adiante até seu objetivo final.
Nosso dia-a-dia não é diferente. Estamos acostumados ao movimento. A modernidade da vida faz com que valorizemos o dinamismo. Para ser mais, maior e melhor precisamos literalmente correr de um lado ao outro. Muitas vezes, nem mesmo sabendo o que procuramos. A vida é dinâmica, mas é nas paradas que o mais extraordinário acontece: construtores sabem que por melhor que sejam o material e trabalhadores empregados numa obra, se a massa não for deixada para descansar, jamais assentará; um bom lojista sabe que por mais grandiosas que sejam suas vendas, a menos que pare e feche para balanço, jamais saberá o quanto realmente lucrou. O maior exemplo disso é a matzá de Pessach. O que é ela senão um pão que não descansou? Chamado de lechem oni – o pão da miséria – ensina-nos que o pão que não pára jamais cresce e está condenado à miséria e descaso. No plano de santidade, encontramos também a virtude da parada: nosso momento mais sagrado na liturgia não é outro senão a Amidá, literalmente parada, no qual permanecemos de pé, em silêncio, sem qualquer gesto ou movimento. E o dia mais sagrado de nossa semana, o Shabat? O dia da parada, do descanso, da estagnação. O judaísmo não consagrada a correria dos seis dias da Criação, mas a inércia do sétimo. Sagrado não é saber pelo que corremos, mas sentir e deixar-se envolver pelos ensinamentos da parada.
Amigos, a vida é dinâmica, mas é nas paradas que tudo acontece. Paradas que escolhemos ou muitas vezes a nós são impostas. E há duas formas de se ver uma parada: um destino ou simplesmente uma escala. Ensinam nossos mestres na Ética dos Pais que “este mundo se assemelha a um corredor”. E assim como num corredor em que estamos de passagem, a vida é feita de escalas até nosso destino final. E a cada uma delas algo importante nos acontece, fazendo com que cada uma seja uma viagem por si só.
Talvez sua vida esteja parada; talvez você se encontre parado. Talvez a vida lhe mostre uma parede intransponível ou um obstáculo marcado pela dor, sofrimento e total estagnação. Pode parecer-lhe que qualquer reação tornar-se-á totalmente inútil. Mas lembre-se: é nas paradas que D-us se revela. Assim como todo atleta sabe que é necessário parar, recuperar o fôlego e retomar o impulso para alcançar novas marcas, assim também perceba que talvez, nesta parada, por mais dura que seja, uma voz venha do alto Lhe dizendo: você parou porque precisava; agora é momento de seguir adiante e chegar onde sempre quis.
Desfrute sua parada e faça boa viagem!

Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná