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Misheberach Lechaialei Tzahal

Misheberach Lechaialei Tzahal
Prece pelos Soldados de Israel - Aquele que abençoou nossos pais Avraham, Itschak e Yaakov, abençoará os soldados das Forças de Defesa de Israel, que guardam a nossa terra e as cidades de nosso D-us (...) O Santo, bendito seja Ele, guardará e livrará os nossos soldados de toda angústia e aperto, e de toda ocorrência e enfermidade, e mandará bênção e sucesso em todos os seus atos (...) e digamos AMEN. (que os méritos das preces e estudos aqui realizados sejam revertidos como bênçãos a Alisha bat Devora)

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Vaticano pode reviver oração que propõe conversão de judeus

Religiosos vêem medida como retrocesso nas relações do Estado com o Judaísmo

ROMA - O Vaticano divulga neste sábado, 7, um decreto que prevê o retorno das missas em latim e que pode reintroduzir aos rituais católicos nas igrejas uma polêmica oração que pede a conversão de judeus ao catolicismo.

A probabilidade do retorno da oração, que havia sido colocada de lado da liturgia católica na década de 1960, ganhou repercussão na imprensa e preocupa grupos do diálogo entre cristãos e judeus, que avaliam a medida como um retrocesso da postura atual do Vaticano em relação ao Judaísmo.

“Espero que seja um alarme injustificado”, disse à BBC Brasil Riccardo Di Segni, rabino-chefe da Comunidade Judaica de Roma. “Espero que não aconteça nada disto, que sejam apenas rumores.”

No Vaticano, ninguém comenta o assunto. Há apenas uma declaração de que não é possível confirmar ou desmentir qualquer informação, porque o documento assinado pelo papa Bento XVI é considerado secreto até o momento da publicação. Ao certo, sabe-se apenas que o papa quer permitir o retorno da missa em latim.

A parte do missal que gerou a polêmica diz: "Oremos pelos judeus, para que Deus retire o véu que cobre seus corações e lhes faça conhecer nosso senhor Jesus Cristo".


Prejudicial
Luigi Accattoli, vaticanista do jornal Corriere della Sera, aposta na possibilidade de que o papa coloque no texto uma cláusula excluindo a oração, que, teme-se, possa prejudicar as relações entre católicos e judeus.

“Em nome da sua nacionalidade e da militância que teve no passado na juventude nazista, torço para que o papa Bento XVI tenha sensibilidade suficiente para excluir estes versos”, afirmou o teólogo Brunetto Salvaranni, especialista em diálogo cristão-judaico. “Mas se isto realmente acontecer, será muito grave e provocará grande abalo no diálogo entre judeus e católicos”.

O texto do papa sobre o retorno da missa em latim está pronto há vários meses. Mas seu lançamento vem sendo adiado sem maiores explicações.

No final do mês passado, Bento XVI esteve reunido com um grupo de 25 bispos, quando foram distribuídas as primeiras cópias do documento e da carta que será enviada aos episcopados de todo o mundo.

Segundo alguns bispos que participaram do encontro, o papa foi muito claro ao dizer que a antiga forma de celebrar a missa passará a ser o novo rito nas igrejas.


Missa em latim
O documento do pontífice, conhecido como Motu Proprio Summorum Pontificum, dará mais liberdade para que os padres celebrem missas em latim.

Hoje, eles precisam pedir autorização às dioceses para celebrá-la e, na maioria das vezes, os bispos se recusam a dá-la.

Há uma grande expectativa - e um grande mistério - em torno do teor da carta explicativa do papa que acompanhará o documento.

Em Roma, especula-se que, além de agradar os tradicionalistas, ela possa trazer críticas a sacerdotes carismáticos que avançaram nas celebrações além das determinações do Concílio Vaticano II, com a inclusão de músicas e danças populares.

No caso do Brasil, o exemplo mais notório é o do padre Marcelo Rossi. O retorno da missa em latim agrada aos tradicionalistas, que rejeitaram as reformas aprovadas pelo Concílio Vaticano II, entre elas a troca do latim pelos idiomas locais na liturgia.

No entanto, o decreto é polêmico entre os defensores das reformas feitas na década de 1960 - que mudaram a postura da Igreja, afirmando o amor de Deus pelos judeus e conclamando o respeito e a cooperação diante dos outros credos religiosos.

À estas alterações é creditada uma melhora nas relações entre católicos e judeus, pois elas dão destaque às raízes judaicas do cristianismo e rechaçam a culpa coletiva dos judeus pela morte de Jesus Cristo.

Os contatos foram intensificadas com o pontificado de João Paulo II, que esteve numa sinagogga em Roma, em 1985, visitou Jerusalém e pediu perdão pelos erros dos católicos diante dos judeus.

Na avaliação dos reformistas, a volta do latim poderá incentivar os conservadores a seguir questionando as reformas do Concílio Vaticano II, podendo gerar mais divisões na Igreja Católica.
Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Espetáculo de horror - Fim de Farfour





Para quem não sabe a história, resumirei aqui. Este é Farfour (borboleta em árabe), um clone do Mickey e protagonista de um programa infantil (isso mesmo, infantil) da TV do Hamas em Gaza. Qual sua função? Exortar as crianças palestinas ao martírio e incitá-las ao ódio contra Israel e o Ocidente. Após muitas críticas do mundo todo (e total omissão e descaso da Disney), o Hamas concordou em retirá-lo do ar, mas do seu próprio jeito: Farfour não "cede" às pressões dos "terroristas" (leia-se israelenses) que "roubaram" as terras de seus antepassados e acaba sendo "morto" por um ator trajando roupas israelenses.
Este é o espetáculo de horror vivido pelas pobres crianças palestinas doutrinadas à violência.

O tesouro do Shabat


“Disse o Eterno a Moisés: Um belo presente tenho em meu tesouro e Shabat é o seu nome; e quero dá-lo a Israel...” (Talmud Shabat 10A)


O Shabat é o tesouro mais valioso que temos neste mundo e mais ainda: é nosso maior companheiro. Ele possui a força de transformar até mesmo a casa do mais pobre em um paraíso real e verdadeiro, pelo menos no aspecto espiritual.
O homem repete, em sua vida, o exemplo Divino. Durante seis dias trabalha incessantemente à procura de seu sustento, assim como o Criador, quem dedicou os primeiros seis dias iniciais para tornar a Criação perfeita em seus mínimos detalhes. Mas quando chega o Shabat, como num passe de mágica, transforma-se em outra pessoa. Assim como o Todo-Poderoso, consagra o sétimo dia à reflexão e contemplação da obra criada. E a mudança que nele ocorre é indescritível.
O Midrash se encarrega de explicar. D-us vira que os hebreus, no Egito, não tinham descanso. Então, dirigiu-se ao Faraó e disse: “o escravo que não tem um dia de descanso tem sua vida ameaçada”. Graças ao Shabat, estabeleceu-se o princípio segundo o qual os homens têm o direito de viver livres da escravidão imposta pela ininterrupta luta do dia-a-dia e de desfrutar, no seu sentir e pensar, a liberdade necessária para que possam sentir e vivenciar a sua origem Divina. Todas as suas preocupações e tormentos são esquecidos e um sentimento de alegria e tranqüilidade, que preenche todo seu coração, contagia todos os que o cercam. Absorvemos do Shabat incentivo, força, esperança e felicidade inacreditáveis.
Mendele Mocher Sfórim (1839-1917) assim descreve este dia: “nos dias úteis, o judeu é como uma larva em repouso, inerte em seu casulo; mas na véspera do sábado... rompe seu invólucro e logo se converte em uma magnífica borboleta, uma alma sublimada cheia de sentimentos puríssimos...”. Esta alma, uma alma adicional - Nefesh Yeterá - é desenvolvida em nós pelo Shabat, através da transformação na sua observância, envolvendo-nos durante todo este dia sagrado e partindo quando este chega ao seu fim, alimentando a esperança de que, após mais uma semana de trabalho contínuo, voltará para reanimar-nos e revitalizar-nos.
E, portanto, ao valorizar o Shabat - um dia na qual abstemo-nos de praticar qualquer modificação na natureza - o homem valoriza a si mesmo, ao constatar que existe um dia não dedicado ao trabalho como os outros seis, e sim voltado para ele próprio e D-us.
O descanso deste dia torna possível ao homem conscientizar-se de que “em seis dias fez D-us os céus e a terra” e, com isso, encontrar a centelha divina que existe ao seu redor.
O Shabat é a fortaleza que tem protegido o povo judeu durante gerações; é o refúgio para as nossas angústias; é o conforto espiritual a um mundo tão mergulhado no materialismo; uma proteção que, segundo nossos sábios talmúdicos, nunca desaparecerá de Israel. Este é o motivo do carinho e nobreza que atribuímos a nossa “Shabat Hamalká”- a Rainha Shabat. Este sentimento é expresso de forma maravilhosa quando cantamos o hino “Lechá Dodi” e, na última estrofe, voltamo-nos para a entrada da sinagoga, reverenciando a presença real, em toda sua santidade.
Enfim, o Shabat é o fundamento de nossa fé; é a consagração do tempo, elevando a tarefa realizada nos seis dias anteriores. A luz das velas do Shabat trazem paz às nossas almas. Uma mensagem mais do que propícia para a nossa época.
Santificá-lo é fazer a nossa parte para que a continuidade judaica seja uma realidade e não uma esperança. É cumprir nossa missão como detentores de uma tradição milenar. É dar o exemplo às futuras gerações.
“Mais do que o povo de Israel tem conservado o Shabat, o Shabat tem conservado o povo de Israel” (Achad Há’am)

Dicas práticas para um Shabat em família:

1) Vá à sinagoga na sexta-feira à noite com seus familiares. A experiência da oração em família é a melhor forma de garantir sua continuidade;
2) Ao chegar em casa, esqueça o telefone, a televisão ou o rádio. Esta é uma noite para a família. Para quê atrapalhar a magia desta reunião?
3) Tenha uma mesa preparada com duas velas já acesas, duas chalot e vinho;
4) Discuta algum tema judaico.
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná

Luach – o calendário judaico


“O catecismo do judeu é seu calendário” (Rabino Samson Raphael Hirsch)



Tal afirmação se deve ao fato de que o calendário judaico é base da vida cultural, religiosa e cívica de nossas comunidades. É impossível desvincular o judeu de seu calendário. Portanto, é importante conhecer seu funcionamento.
Como a economia da sociedade judaica primitiva era essencialmente agrícola, os primeiros calendários refletiam o interesse dos agricultores pelo solo. Em escavações arqueológicas, foram encontrados primitivos calendários que marcavam o ciclo da plantação, como o início da colheita, arado, semeadura, etc. No entanto, segundo a tradição judaica, o calendário tem base na Torá e é lunar (acompanhando as quatro fases lunares) e solar, ao mesmo tempo.
Durante muitos anos, os cálculos eram imprecisos. Na época do Segundo Templo, no Sinédrio (corpo legislativo de 71 anciãos), o início de cada mês era determinado quando duas testemunhas comunicavam-lhes terem avistado a Lua Nova. Os sábios, neste momento, levavam-nos a uma sala especial que tinha na parede uma tabela (Luach) com o desenho de vários formatos da lua. Indagavam-nos sobre qual o formato haviam visto, para não haver dúvidas. Uma vez constatada, o anúncio era despachado por meio de sinais de fogo ou emissários, os quais eram enviados para todos os confins de Israel e Diáspora. Aquele dia era então marcado como Rosh Chodesh – início do mês - muito festejado na Antigüidade. Até hoje mantemos a tradição, realizando um Serviço Religioso especial com leitura da Torá neste dia. Uma vez que tal forma de veiculação da notícia estava sujeita a falhas, ficou estipulado, em determinados meses, dois dias de Rosh Chodesh. Ou seja, nos meses em que há 30 dias, tanto o 30o dia do mês anterior como o 1o do mês seguinte são Rosh Chodesh. Um outra explicação para a variação de dias entre meses está no “ajuste” que deve ser feito de tempos em tempos, para que algumas datas não “caiam” em dias “proibidos”. Por exemplo: Yom Kipur nunca cai na sexta-feira, pois senão seria impossível preparar-se para o Shabat. Purim, por sua vez, nunca cairá no Shabat, para que possamos carregar os presentes comestíveis e entregar dinheiro aos pobres. Este ajuste se dá justamente nos meses “flexíveis”, nos quais a duração pode ser de 29 ou 30 dias.
Por que o frenesi com o início do mês? Pois a Torá estipula várias datas comemorativas e não teríamos como observá-las sem saber quando o mês se inicia.
O calendário como o conhecemos hoje em dia foi institucionalizado por Rabi Hilel filho de Yehudá Hanassi, conhecido com Hilel II, em 358 e.c., sendo que os cálculos foram utilizados para a definição dos anos posteriores. Vale ressaltar que foi muito criticado por vários rabinos que o sucederam, até que foi incrementado e aprovado por Rabi Saadia Gaon, em 840 e.c., estando, desde então, em vigência, sem alterações




Funcionamento do calendário


O mês

O mês é marcado pela volta da lua em torno da Terra, que dura 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos, seguindo suas fases.
Segundo o costume bíblico, os meses são contados a partir do mês de Nissan. Conhecem-se apenas alguns nomes bíblicos de meses (Aviv e Ziv, na primavera; Bul e Etanim, no outono). Os nomes atuais são de origem babilônica, sendo que o início do calendário religioso se dá em Tishrei.

NOME HEBRAICO NOME BABILÔNIO DURAÇÃO

1. Tishrei Tashrêtu (começo) 30 dias
2. Cheshvan Arakhshamna 29/30 dias
3. Kislev Kislimu 29/30 dias
4. Tevet Tabêtu (inundação) 29 dias
5. Shevat Shabâtu (açoitamento) 30 dias
6. Adar Adaru 29 dias
7. Nissan Nissanu 30 dias
8. Iyar Ayaru (broto) 29 dias
9. Sivan Simânu 30 dias
10.Tamuz Du’ûzu (divindade) 29 dias
11. Av Abu 30 dias
12. Elul Ulúlu (purificação) 29 dias



A semana

A semana tem 7 dias de duração, sendo que somente o Shabat tem nome. Todos os demais são chamados de “primeiro ao Shabat”, “segundo ao Shabat”, etc., para marcar a ansiedade pelo sábado tão sagrado.


O dia

O dia não tem a exata duração de 24 horas. Segundo a Lei, os horários diários são estabelecidos em função das shaot zemaniot – horas temporais. Uma vez que a duração dos dias não é sempre igual (no verão temos dias mais extensos e no inverno, por sua vez, mais curtos) há a necessidade de se estabelecer, para cada dia, um novo cálculo. Para tanto, pega-se do nascer do sol ao pôr do sol e divide-se este intervalo por 12. Por exemplo:






• Nascer do sol 06:13

• Por do sol 18:58

• Subtrai-se 18,58 – 6,13 = 12,45

• Divide-se 12,45/12 = 1,03


Neste caso, teríamos um dia com horas de 1,03 h. Por isso os horários de acendimento das velas de Shabat e seu fim variam de semana para semana, por exemplo. Tal cálculo faz-se necessário em função de vários preceitos, como Serviços Religiosos, serem regidos pelo horário.


O ano

Ano solar = 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos

Ano lunar = 354 dias, 8 horas, 48 minutos e 36 segundos


Existe uma diferença de onze dias entre os calendários. Para que a celebração das Festas agrícolas ocorra na época correta, a mesma é eliminada pelo acréscimo de uma mês completo após Adar (neste caso, teremos Adar 1 e 2) sempre no 3o, 6o, 8o, 11o, 14o, 17o e 19o anos de cada ciclo de 19 anos. Estes anos são chamados Shaná Meubéret – o ano bissexto.
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná

segunda-feira, 2 de julho de 2007

As leis de 17 de Tamuz e dias seguintes

No dia 17 de Tamuz (3/7):

1.Não é permitido comer ou beber desde o amanhecer até escurecer.
2.Mulheres grávidas ou que estão dando de mamar e outros casos em que há risco de vida estão isentos do jejum.
3.Se o dia do jejum cair no Shabat, o jejum é adiado para domingo.
4.É permitido tomar banho, passar cremes e usar sapatos de couro.
5.A reza do “Aneinu” é acresentada na Amidá de Shacharit e Minchá pelo chazan. O resto das pessoas só a acrescentam em Minchá.
6.“Slichot” e "Avinu Malkeinu" são declamados.
7.Êxodos 32:11, em que os "13 Atributos da Clemência" são mencionados, é lido nas rezas da manhã e da tarde.
8.Isaias 55:6 à 56:8, que discute a renovação dos serviços do Templo, é lida na Haftará do serviço de Minchá.



As Três Semanas


As "Três Semanas" entre o 17 de Tamuz e Tishá Be Av foram, historicamente, dias de infortúnio e calamidade para o povo judeu. Durante este tempo, ambos Primeiro e Segundo Templos foram destruídos, entre outras terríveis tragédias.

Nos Referimos a estes dias como um "período de dificuldades" (bein hametzarim), conforme o verso: "todos os seus opressores a surpreenderam num período de dificuldades". (Lamentações 1:3).

No Shabat, durante as Três Semanas, as Haftarot são tiradas dos capítulos de Isaias e Jeremias que lidam com a destruição de Templo e o exílio do povo judeu.
Durante este período, vários aspectos de luto são observados pela nação inteira. Nós diminuímos as alegrias e celebrações. E, sentindo imensamente o atributo do julgamento Divino (din), evitamos as situações perigosas ou as tarefas arriscadas.

ASPECTOS DO LUTO DURANTE AS TRÊS SEMANAS:

1.Não ocorrem casamentos. (Porém, cerimônias de noivado (que selam um compromisso) são permitidas.)
2.Não escutamos música.
3.Evitamos todas as celebrações públicas -- especialmente aquelas em que há canto, dança e acompanhamento musical.
4.Evitamos fazer viagens de prazer ou alguma outra atividade de entretenimento.
5.Não se corta o cabelo ou faz-se a barba. (As unhas podem ser cortadas até a semana em que cai Tishá Be Av)
6.Nós não dizemos a bênção She-hechianu para uma comida ou
roupa novas, exceto no Shabat.
Fonte: Aish

Saindo do cerco parte I


Amanhã (3/7) iniciamos um período dos mais solenes do ano. Conhecido como Bein Hametsarim - entre os cercos - as três semanas que vão do dia 17 de tamuz ao 9 de av, são marcadas pela tristeza, desconforto, luto e lamentação. Vários são os eventos trágicos ocorridos nestas duas datas, desde a Antigüidade até a História recente, mas, sem dúvida, o mais relevante é a destruição dos dois Templos de Jerusalém (em 586 a.C. e, posteriormente, em 70 d.C.). O Talmud Guitín dedica grande parte do seu quinto capítulo à narração do sofrimento passado pelos habitantes de Jerusalém e à dor do povo com a perda de amado seu santuário. Por isso, desde tempos remotos, judeus do mundo todo jejuam nestes dois dias, sendo o segundo tão extenso quanto Iom Kipur.
Neste artigo divido em duas partes, vamos analisar a trajetória destes dois eventos - cerco e destruição- a partir de uma perspectiva, ao mesmo tempo, religiosa e psicológica, com o objetivo de traçarmos um objetivo: reverter a tragédia em alegria; fazer com que a dor transforme-se em um sorriso. Afinal, nem todas as guerras são travadas dentro de um campo de batalha. Muitas delas estão dentro de nós. E, quando o inimigo é invisível, nossas chances de derrota são maiores.
Iniciamos com o cerco a Jerusalém. Os romanos, imbatíveis em sua força, cercaram a Cidade Santa, rompendo suas muralhas (17 de Tamuz), de tal forma que seus moradores não tinham outra opção a não ser render-se. Mas mesmo a rendição não significava a vida. Os relatos dramáticos mencionados no Talmud mostram como é cruel uma guerra, não importa qual seja a sua motivação. Sempre a vida - bem maior deste mundo - acaba sendo a perdedora.
Neste momento temos uma batalha sendo travada dentro de nós, semelhante àquela de tempos remotos. O inimigo - perda de valores, angústia, sofrimento, preguiça, dentre tantos - aproxima-se de nós, cercando-nos de todos os lados. E quanto mais esperamos, deixando para mais tarde nossa ação e reação, mais ele fecha o cerco, rompendo nossas defesas, a tal ponto de não termos como escapar.
A mística judaica ensina que nós, dentro de nosso corpo, possuimos dois tipos de instintos: um bom e um mal. Em constante disputa pelo poder, ambos “defendem suas teses” como sendo as verdadeiras. Aliás, o mesmo motivo de uma guerra real, na qual o invasor defende a veracidade e legitimidade de sua imposição. E nós, no meio desta briga, acabamos por sentir-nos cercados, indefesos, sem a mínima capacidade de reagir.
Um outro modo de ver uma disputa é analisando-a como um jogo. Muitos de nós jogamos e nem sempre nos damos conta da lição que podemos extrair deste ato. E nossos sábios não perderam a oportunidade de aproveitá-las. Assim dizia o Rebe de Kotzk:
“Existem três regras no jogo de damas, e assim devemos nos comportar durante nossa vida: a) é permitido andar somente para a frente; b) é preciso avançar casa por casa, passo a passo; c) se você chegar ao fim, estará livre para ir aonde quiser.”
O inimigo parece imbatível e sem sua iniciativa, vontade e disposição, com certeza sempre será. Mas o problemas, quando a parecem e parecem cercar-nos, não são o fim da linha. O povo de Jerusalém não teve outra opção, mas nós temos. Nosso adversário pode ser vencido. Basta apenas termos a vontade de vencer. E, vencendo, estaremos livres para ir aonde quisermos.


Eis os eventos que aconteceram no dia 17 de Tamuz, na História Judaica:

• Moisés quebrou as Tábuas da Lei;
• foi suspensa a oferenda diária no Primeiro Templo;
• foram rompidas as muralhas de Jerusalém, na época do Segundo Templo;
• Apóstomos, um soldado romano, queimou a Torá;
• um ídolo foi colocado no Templo.

Prof. Sami Goldstein

Rabino da Comunidade Israelita do Paraná

A metafísica dos sonhos no judaísmo - Parte Final

Para concluir, o que falar sobre a tão intrigante revelação de José no Egito? O padeiro, o copeiro, os sonhos do Faraó...
Existe um grande diferença entre os sonhos e o processo normal de vigília. Enquanto os pensamentos de alguém desperto consistem principalmente de discurso mental, ou seja, a pessoa pensa consigo mesma em termos de palavras e sentenças, o sonhos consistem quase que completamente de figuras e imagens. É, portanto, óbvio, que quando sobrevem o sonho, a mente começa a transformar, ou melhor dizendo, traduzir, o pensamento verbal em pensamento visionário. Isto é chamado, segundo Maimônides, o grande rabino e cientista do séc. XII, de Coach Hamedamé, ou a faculdade imaginativa. Já que durante o sono as letras e as palavras que consistem de um pensamento único, podem vir a se misturar com letras de outros pensamentos - como no exemplo dos slides - isto pode levar à confecção de palavras e idéias sem equivalência real no estado de vigília.. Conseqüentemente, estes pensamentos verbais , quando transformados em figuras, assumem exatamente a mesma forma. Seria algo como um dicionário mental. Assim, somos capazes de julgar fenômenos muitas vezes contraditórios e impossíveis por meio das letras dos diferentes objetos que se mesclam para conceber um novo equivalente visual correspondente. Em resumo, podemos dizer que o segredo da interpretação de um sonho é decifrar a nova codificação das letras mentais transformadas. Através deste processo, pode-se chegar a entender em que consistiam os pensamentos originais. Estudando a maneira pela qual a mente sintetizou estas imagens aparentemente não relacionadas, pode-se iluminar as trilhas da mente, discernindo o que associa internamente dois pensamentos que racionalmente são desprovidos de qualquer conexão.
De acordo com o comentarista bíblico Abravanel, este era o método de interpretação utilizado pelos feiticeiros do faraó em sua tentativa de desvendar seu misterioso sonho das vacas magras e das vacas gordas. Eles achavam que o sonho era apenas uma alegoria ou analogia, de um conceito oculto no íntimo e, examinando as figuras finais, poderiam regredir, por associação, à raiz inicial do pensamento. Isto teria uma grande utilidade, caso o pensamento original tivesse partido do próprio faraó. Como o sonho era, sem dúvida, clarividente, eles jamais poderiam chegar à imagem original, uma vez que a raiz não fazia parte de sua memória. E, neste caso, somente alguém com espírito elevado e em conexão com o Grande Pensador, poderia chegar à sua revelação. Tal nível só é adquirido por meio de dom divino ou por uma espiritualização do ser, que faz com que o homem possa enxergar, com maior nitidez, as centelhas divinas que se encontram presentes entre nós. Vamos traçar uma analogia para a passagem entre Faraó e José, que vai ajudar-nos a compreender melhor toda a situação. Imaginem um vidro translúcido. Embora você não tenha contato físico com o que ocorre do outro lado, você pode ver nitidamente, através dele, tudo o que se passa. Agora, tenham em mente outro vidro, desta vez fosco. A imagem e a luz continuam a atravessar a barreira, porém nós, do lado de cá, não conseguimos interpretar logicamente o que são. Esta é a grande diferença entre os profetas e nós, seres humanos comuns. Enquanto para nós, sonhos e situações aparentemente sem explicação são como silhuetas sem forma, para eles a grande barreira existente entre a essência do Infinito e as limitações do finito não impede que a revelação da vontade divina seja captada.
Ao longo da História Universal encontramos várias destas personagens imbuídas de uma visão superior. Talvez se conseguirmos, algum dia, desprender-nos do materialismo que nos cerca, consigamos ver o que eles viram.


Bibliografia

BOTEACH, Samuel Awakening to the world of dreams. New York, Bash
Publications, 1991

HOFFMAN, Edward The way of splendor – Jewish mysticism and modern
Psychology. Londres, Shambala, 1981

TALMUD Berachot cap 9 pgs 55-58 (versão original em hebraico-aramaico)

ZOHAR volume 2 pgs 164-260 (versão original em hebraico-aramaico)


Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná

domingo, 1 de julho de 2007

FIERJ TV 1.244 - Comunidade na TV - Jerusalem

História dos nossos mestres - Matemática rabínica


Três homens se associaram e compraram dezessete cavalos por dois mil e setecentos rublos. Um pagou metade do dinheiro, outro um terço e o terceiro um nono do total. Porém, quando chegou a ocasião de dividi-los entre si, não o conseguiram e se dirigiram ao rabino, expondo-lhe a situação.
- Deixem-me pensar. Voltem a me procurar com seus cavalos pela manhã.
À hora marcada, os três sócios trouxeram os cavalos ao rabino que, para sua surpresa, estava montado em seu próprio animal. Subitamente, aproximou-o dos demais e disse:
- Meus filhos, aqui estão dezoito cavalos. Você, que pagou a metade, levará nove cavalos. Você, que entrou com um terço, levará seis. Finalmente você, que pagou um nono, ficará com dois. Assim ficam distribuidos os dezessete cavalos.
E, em poucos instantes, foi-se embora o rabino, levando consigo seu cavalo de volta à estrebaria.

Como sentou-se solitária...


... a cidade que vivia cheia de povo! Com este suspiro, Jeremias inicia suas Lamentações, lidas anualmente no dia de Tishá Beáv. Testemunha da queda da Cidade Santa, presenciou a mais triste das visões: Jerusalém fora reduzida a pó; o Templo ardia em chamas; os cadáveres e pedras formavam o horrendo cenário de um cemitério a céu aberto; sobreviventes banidos e condenados ao exílio. Na minha opinião, o profeta poderia ter melhor descrito seu testemunho com palavras mais fortes como “devastada”, “desolada”, “destruída” ou “arrasada” e sentiríamos mais intensamente o ocorrido. No entanto, optou por descrevê-la como “solitária”. Por quê? Talvez a solidão seja a maior maldição que tenha recaído sobre Jerusalém; e a pior ao ser humano.
Conta-se a história sobre uma pessoa que havia sido muito ativa na comunidade durante décadas. Assíduo freqüentador da sinagoga, não perdia sequer uma reza. Amigos? Todos os conheciam e com todos se dava. Nunca recusou-se a contribuir e sua casa estava sempre aberta a visitantes. Entretanto, com o passar do tempo começou a isolar-se. Achou que já era hora de a juventude assumir a liderança; a sinagoga continuaria seus Serviços sem sua presença; os amigos já não mais tinham importância. E assim, o homem passou a viver uma vida solitária.
Certo dia do tenebroso inverno russo, o rabino, durante o Serviço Religioso, interrompeu suas orações e saiu da sinagoga. Os presentes ficaram atordoados. “O que estará acontecendo” – pensavam. Seguindo de longe, acompanharam o rabino e viram-no entrar na casa daquele homem. Espremendo-se por entre as frestas das janelas, presenciaram uma cena interessante: o judeu estava confortavelmente sentado em seu sofá, coberto por um lindo manto, diante de uma radiante lareira. O rabino não pronunciou sequer uma palavra. Dirigindo-se à lareira com uma barra de ferro, afastou um pequeno pedaço de carvão, deixando-o de lado. Longe do fogo da união, ele imediatamente se apagou. O rabino desejou-lhe um bom dia e voltou à sinagoga. Desde aquele dia, o homem não faltou mais à sinagoga, voltou às atividades comunitárias e novamente podia ser visto com seus amigos.
“E disse o Eterno D-us: ‘não é bom que esteja o homem só’” (Gênesis 2:18). A solidão e o isolamento são veementemente condenados pela Torá. Entretanto, o que vemos hoje é justamente o contrário, principalmente aqui no Brasil. Segundo o levantamento mais recente do IBGE, 4 milhões de brasileiros moram sozinhos, o que representa 9% dos domicílios do país. A quantidade é pequena se comparada a outros países com Inglaterra e França, mas viver só é uma tendência mundial. Quais seriam os motivos para isso?
Claro, existem os óbvios: um caso de divórcio, compromissos profissionais, etc. Mas, prefiro apontar um problema ainda maior: o progresso material, científico e tecnológico que vivenciamos induz-nos a acreditar na falsa imagem de que a auto-realização se dá mais rápida e energicamente através do individualismo. Sim, tornamo-nos individualistas. Até mesmo acompanhados, seja em nossos núcleos familiares ou sociais, a relação reter versus ceder não é muito clara. Gostamos de ser como o oceano que se agiganta por receber as águas dos rios mas não como a terra que empobrece por dar e gerar vida. Não mais sabemos abdicar para ganhar; dividir para multiplicar. Preocupamo-nos em incutir nas frias máquinas uma inteligência humana ao mesmo tempo que injetamos em nossas veias a frieza mecânica. Sim, nossas relações passaram de humanas para mecânicas. Habitamos metrópoles ou megalópoles; saímos às ruas e encontramo-nos com milhões de pessoas, mas sentimo-no sós. Sós como lamentava o Rai David: “sou semelhante ao pelicano no deserto; chego a ser como a coruja das ruínas... tornei-me como um passarinho solitário no telhado” (Salmos 102:6-7).
A solidão pode levar a que a pessoa forme uma imagem negativa de si própria e julgue que ninguém a aprecia. Segundo estudos médicos, a falta de um parceiro contribui para debilitar a saúde, além das estatísticas que confirmam que solteiros e divorciados têm mais possibilidade de cometer suicídio e são vítimas mais freqüentes de depressão, diabetes, câncer de fígado e pulmão. Enfim, a brasa se apaga e o carvão perde sua vida.
Será que não estamos nos sentindo únicos no mundo? Será que não perdemos os horizontes de nossas relações, principalmente entre os jovens, os quais não vêem a luz no fim do túnel de uma relação estável e duradoura?
A solidão poder ser uma ação, opção, condição. Ação quando somos compelidos a uma vida solitária por motivos externos, como trabalho. Opção, quando decidimos aventurar-nos ou passar por uma nova experiência. Entretanto, em ambos os casos, o verbo empregado é “morar” só. É o ideal? Com certeza não, mas nestes as relações não são interrompidas ou abruptamente cortadas. O veneno reside na solidão enquanto condição: a pessoa se sente só, a pessoa é só. O verbo é “ser”. Neste caso, mesmo dentro do convívio social, mesmo com a casa cheia, isolamo-nos e fechamo-nos ao mundo.
Amigo, a solidão é a maior maldição, por isso Jeremias a utilizou para descrever a destruição. Pois ela nos destrói por dentro. Pedras podem ser reerguidas, mas corações dilacerados exigem um esforço infinitamente maior. Busquemos a união. Reacendamos nossas lareiras e aqueçamo-nos com o calor de nossas almas. Pois não é bom que o homem viva só...


Prof. Sami Goldstein

Rabino da Comunidade Israelita do Paraná

A metafísica dos sonhos no judaísmo - Parte IV

O elemento chave na interpretação onírica é entender cada aspecto individual do sonho. Muito antes das teorias freudianas, a mística judaica já indicava que nossas mentes, durante o sono, operam por meio de símbolos. Embora não tenha confinado os sonhos para satisfazer os desejos de alguém, sejam eles sexuais, segundo Freud; de poder, conforme dizia Adler; ou de inspiração cósmica e transcendental, de acordo com Carl Jung., ela concorda que muitas de sua facetas realmente representam pensamentos abstratos e sentimentos ocultos.
Por exemplo: o Zohar (v 2, pg 164) afirma que todas as cores vistas em um sonho são um bom presságio, com exceção do azul. Hoje, a psicologia moderna já demonstrou que as cores estão intimamente conectadas às nossas mais profundas emoções. Pessoas que normalmente sonham “em cores” são aquelas que geralmente estão mais em contato com seu mundo interior. Além disse, o Zohar assume que cores fortes e escuras estão associadas com sentimentos de infelicidade pessoal. É interessante notar que, em inglês existe o jargão popular “blue Mondays”. Em outra oportunidade, ele diz que “um rio visto no sonho é presságio de paz”. O que é um rio? algo belo, tranqüilo, que transmite harmonia e felicidade. Sonhar, por exemplo, com um rolo das Sagradas Escrituras em chamas, o final do Dia do Perdão judaico ou com os dentes caindo. Segundo José Caro, no século XVI, estes também poderiam ser incluídos como maus presságios, ao lado das cores escuras. Por quê? Basta analisarmos cada aspecto em separado: as Sagradas Escrituras representam a harmonia entre o homem e Deus; queimando, sugerem algum conflito emocional a ser resolvido. O Dia do Perdão é aquele no qual jejuamos por 25 horas, arrependendo-nos de qualquer má atitude cometida no decorrer do ano; sonhar com ele, indica algum tipo de sentimento de culpa. Com relação aos dentes, eles representam a força; caindo, parte de nossa potência vital está se esvaindo, causando-nos temor. É interessante notar que Freud, quase três séculos depois, utilizou este mesmo exemplo aplicado à potência sexual do indivíduo. Ao mesmo tempo, somos advertidos a levar a sério sonhos com doença, morte e destruição, não como uma visão profética do que está por vir, mas como um alarme interno de que algo esteja errado dentro de nós.
Estes são alguns dos inúmeros exemplos que podemos dar com base em nossos textos. Vamos agora tentar apresentá-los de uma forma um pouco mais real. Lembram-se sobre o que falamos a respeito de nossa memória ser como uma chapa de vidro? Pois bem, nossa mente está registrando esta exata imagem que vocês estão vendo neste momento. Nós aqui, falando e vocês aí, ouvindo. É muito provável que vocês sonhem hoje à noite com esta situação, afinal ela está sendo muito bem fixada em suas memórias. Suponhamos que esta mesa-redonda lhes lembre a respeito de uma sala de aula da faculdade. Então vocês veriam seus professores e toda aquela situação. Voltemos ao exemplo das chapas ou slides. O que acontece se colocarmos uma encima da outra? As imagens ficarão sobrepostas. Imaginemos que a sala de aula nos lembre um amigo de classe que, infelizmente, faleceu. Nossa mente colocaria este slide encima dos outros dois. Suponhamos então, que seu organismo quer lhe dar uma mensagem de que você está triste. Qual seria o resultado desta sobreposição de imagens? Vocês estariam provavelmente vendo, em seu sonho, seu amigo falecido dando uma palestra na PUC ao lado de seu professor, enquanto cores escuras predominam no ambiente.
Assim, por meio de métodos associativos compreensíveis ou não, a mente vai montando a imagem, dentro de nossas mentes. Uma visão destas seria assustadora, não? Por isso, é importante analisarmos cada aspecto, cada elemento do sonho em separado para chegarmos a um interpretação lógica e coerente. Dependendo da visão, como nosso exemplo, poderemos dar maior importância ao que não tem valor e descartar aquilo que realmente interessa. Nossos sábios talmúdicos (Brachot 57a) diziam que um sonho é igual a 1/60 de uma profecia. A profecia, no caso, é a mensagem biológica a nós transmitida pelo nosso corpo. Mas advertem-nos (id. 55b): “assim como é impossível encontrar espigas de milho sem palha, assim também não existem sonhos sem coisas vãs”. A fantasia criada por este fantástico computador chamado cérebro pode fazer-nos acreditar na veracidade dos inúteis 59/60 e desprezar a pequena, mas essencial parte do sonho. Apesar dos avisos, nossos mestres sabiam que a crendice popular cresceria cada vez mais, principalmente quando da estadia dos judeus entre os persas e babilônicos, povos que davam uma enorme importância aos sonhos. Para influenciar psicologicamente o povo, instituíram uma cerimônia chamada Hatavat Chalom - a “melhora do sonho”- na qual aquele que teve um sonho ruim apresenta-se diante de três amigos que, por meio de fórmulas rabínicas e combinações de Salmos, simbolicamente “revertem” o mau desígnio sonhado, aliviando aquela mente perturbada.