A Parashá lida neste último Shabat trata sobre a permanência do nosso povo no deserto. Mais precisamente, relata todos os lugares onde acamparam. Quarenta e dois acampamentos em quarenta anos de travessia. O que mais chama a atenção, entretanto, é o nome da leitura: Massê. “Estas são as viagens (massê) dos filhos de Israel que saíram da terra do Egito...”(Números 33:1), assim relata a Torá. Mas que viagens são estas? Afinal, ficaram muito mais tempo acampados que propriamente dito viajando. Não seria mais correto dizer “estes são os acampamentos dos filhos de Israel”, já que a ênfase bíblica está nas suas paradas e não nas viagens? E mesmo assim, a viagem foi apenas uma e não várias: saíram do Egito e iam à Terra Prometida. O que aprendemos de tudo isso?
As paradas foram extremante importantes para o povo. Foi nelas que tudo de mais extraordinário aconteceu, tanto para o bem como para o mal. Foi na parada que o povo recebeu a Lei do Monte Sinai; foi nela que, também, curvou-se ante o bezerro de ouro. Foi na parada que colhia diariamente a maná – o alimento milagroso – que o sustentava; foi nela também que se rebelou juntamente com Corach e seus seguidores. Assim também, a parada era o momento de receber a revelação de D-us: o Eterno não se dirigia ao povo nas viagens, mas nas paradas. E a cada uma, um novo fato dava energia e impulso para que eles pudessem seguir adiante até seu objetivo final.
Nosso dia-a-dia não é diferente. Estamos acostumados ao movimento. A modernidade da vida faz com que valorizemos o dinamismo. Para ser mais, maior e melhor precisamos literalmente correr de um lado ao outro. Muitas vezes, nem mesmo sabendo o que procuramos. A vida é dinâmica, mas é nas paradas que o mais extraordinário acontece: construtores sabem que por melhor que sejam o material e trabalhadores empregados numa obra, se a massa não for deixada para descansar, jamais assentará; um bom lojista sabe que por mais grandiosas que sejam suas vendas, a menos que pare e feche para balanço, jamais saberá o quanto realmente lucrou. O maior exemplo disso é a matzá de Pessach. O que é ela senão um pão que não descansou? Chamado de lechem oni – o pão da miséria – ensina-nos que o pão que não pára jamais cresce e está condenado à miséria e descaso. No plano de santidade, encontramos também a virtude da parada: nosso momento mais sagrado na liturgia não é outro senão a Amidá, literalmente parada, no qual permanecemos de pé, em silêncio, sem qualquer gesto ou movimento. E o dia mais sagrado de nossa semana, o Shabat? O dia da parada, do descanso, da estagnação. O judaísmo não consagrada a correria dos seis dias da Criação, mas a inércia do sétimo. Sagrado não é saber pelo que corremos, mas sentir e deixar-se envolver pelos ensinamentos da parada.
Amigos, a vida é dinâmica, mas é nas paradas que tudo acontece. Paradas que escolhemos ou muitas vezes a nós são impostas. E há duas formas de se ver uma parada: um destino ou simplesmente uma escala. Ensinam nossos mestres na Ética dos Pais que “este mundo se assemelha a um corredor”. E assim como num corredor em que estamos de passagem, a vida é feita de escalas até nosso destino final. E a cada uma delas algo importante nos acontece, fazendo com que cada uma seja uma viagem por si só.
Talvez sua vida esteja parada; talvez você se encontre parado. Talvez a vida lhe mostre uma parede intransponível ou um obstáculo marcado pela dor, sofrimento e total estagnação. Pode parecer-lhe que qualquer reação tornar-se-á totalmente inútil. Mas lembre-se: é nas paradas que D-us se revela. Assim como todo atleta sabe que é necessário parar, recuperar o fôlego e retomar o impulso para alcançar novas marcas, assim também perceba que talvez, nesta parada, por mais dura que seja, uma voz venha do alto Lhe dizendo: você parou porque precisava; agora é momento de seguir adiante e chegar onde sempre quis.
Desfrute sua parada e faça boa viagem!
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná
As paradas foram extremante importantes para o povo. Foi nelas que tudo de mais extraordinário aconteceu, tanto para o bem como para o mal. Foi na parada que o povo recebeu a Lei do Monte Sinai; foi nela que, também, curvou-se ante o bezerro de ouro. Foi na parada que colhia diariamente a maná – o alimento milagroso – que o sustentava; foi nela também que se rebelou juntamente com Corach e seus seguidores. Assim também, a parada era o momento de receber a revelação de D-us: o Eterno não se dirigia ao povo nas viagens, mas nas paradas. E a cada uma, um novo fato dava energia e impulso para que eles pudessem seguir adiante até seu objetivo final.
Nosso dia-a-dia não é diferente. Estamos acostumados ao movimento. A modernidade da vida faz com que valorizemos o dinamismo. Para ser mais, maior e melhor precisamos literalmente correr de um lado ao outro. Muitas vezes, nem mesmo sabendo o que procuramos. A vida é dinâmica, mas é nas paradas que o mais extraordinário acontece: construtores sabem que por melhor que sejam o material e trabalhadores empregados numa obra, se a massa não for deixada para descansar, jamais assentará; um bom lojista sabe que por mais grandiosas que sejam suas vendas, a menos que pare e feche para balanço, jamais saberá o quanto realmente lucrou. O maior exemplo disso é a matzá de Pessach. O que é ela senão um pão que não descansou? Chamado de lechem oni – o pão da miséria – ensina-nos que o pão que não pára jamais cresce e está condenado à miséria e descaso. No plano de santidade, encontramos também a virtude da parada: nosso momento mais sagrado na liturgia não é outro senão a Amidá, literalmente parada, no qual permanecemos de pé, em silêncio, sem qualquer gesto ou movimento. E o dia mais sagrado de nossa semana, o Shabat? O dia da parada, do descanso, da estagnação. O judaísmo não consagrada a correria dos seis dias da Criação, mas a inércia do sétimo. Sagrado não é saber pelo que corremos, mas sentir e deixar-se envolver pelos ensinamentos da parada.
Amigos, a vida é dinâmica, mas é nas paradas que tudo acontece. Paradas que escolhemos ou muitas vezes a nós são impostas. E há duas formas de se ver uma parada: um destino ou simplesmente uma escala. Ensinam nossos mestres na Ética dos Pais que “este mundo se assemelha a um corredor”. E assim como num corredor em que estamos de passagem, a vida é feita de escalas até nosso destino final. E a cada uma delas algo importante nos acontece, fazendo com que cada uma seja uma viagem por si só.
Talvez sua vida esteja parada; talvez você se encontre parado. Talvez a vida lhe mostre uma parede intransponível ou um obstáculo marcado pela dor, sofrimento e total estagnação. Pode parecer-lhe que qualquer reação tornar-se-á totalmente inútil. Mas lembre-se: é nas paradas que D-us se revela. Assim como todo atleta sabe que é necessário parar, recuperar o fôlego e retomar o impulso para alcançar novas marcas, assim também perceba que talvez, nesta parada, por mais dura que seja, uma voz venha do alto Lhe dizendo: você parou porque precisava; agora é momento de seguir adiante e chegar onde sempre quis.
Desfrute sua parada e faça boa viagem!
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná