“Esta nação é comparada ao pó e as estrelas: quando afunda, cai até o pó; mas quando sobe, sobe até as estrelas do céu”
(Talmud Meguilá 16a)
(Talmud Meguilá 16a)
Embora tal afirmação talmúdica recaia sobre o povo de Israel, é impossível desvinculá-lo de sua terra natal, sua Terra Prometida. Não se pode estudar a História de nossa sociedade sem conectá-la à suas raízes territoriais. Desde os tempos do primeiro Patriarca, Abrãao, o povo judeu vê na Terra de Israel seu berço, seu lar, sua pátria.
O Talmud nos remonta, nesta passagem, a períodos de glória e tragédia. Habitamos e fomos expulsos daquele pedaço de chão inúmeras vezes. O destino afastou-nos de lá e espalhou-nos mundo afora. Porém, mesmo no mais longínquo confim do planeta, o judeu sempre desejou reaver sua nação. Hinos e cânticos de louvor eram entoados em devoção a Sion – a Terra de Israel. Muito antes de a palavra sionismo ser conhecida, este sentimento já se fazia presente na esfera sócio-religiosa de nosso povo. Ser judeu é ser sionista e vice-versa; é impossível ser um sem ser o outro.
Mas o que faz deste pequeno espaço geográfico um alvo de milenar e constante atenção?
É lá que começou nossa História. É lá que se encontra, a cada passo, a cada esquina, a cada cidade, uma memória viva de quem fomos e somos. É lá que reside todo nosso elo com nossos antepassados. É lá que estão os túmulos dos Patriarcas e Matriarcas. Por lá passaram nossos Profetas. Foi lá que hábeis monarcas expandiram seu território. Foi lá que tivemos, por quase 1000 anos, um majestoso templo. Enfim, é lá que está nossa identidade: somos judeus porque existe Israel e Israel existe porque somos judeus.
Tal sentimento de amor e devoção encontra-se belamente expressado no livro dos Salmos:
Às margens dos rios da Babilônia nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sion (137:1)
Um cântico de ascensão, quando o Eterno fez retornar o exílio de Sion, estávamos como quem sonha (126:1)
Outra importante passagem a ser destacada é o célebre hino do poeta e filósofo espanhol Yehudá Halevi (1085-1140):
Meu coração está no leste
E eu no fim do oeste
Como poderei saborear o que como?
Como a comida poderá ser doce para mim?
No entanto, este sentimento religioso não se traduzia em ações política, até que um jornalista e escritor, Theodor Herzl (1860-1904), não podendo ignorar o crescente anti-semitismo, escreveu em seu diário, após o conhecido caso Dreyfus:
Há dias e semanas que a idéia ocupa minha alma ... me acompanha para onde quer que vá, paira sobre minhas conversas comuns, me confunde e me embriaga. A solução da questão dos judeus está em minhas mãos. Não é uma solução, mas a única.
Foi ele mesmo que, em 1896, ao publicar “O Estado Judeu”, deu-nos a solução:
A questão judaica é uma questão nacional e para solucioná-la devemos, em primeiro lugar, fazer dela uma questão política mundial que exija uma solução do Conselho das Nações. Somos uma nação, uma nação só. (...) ... os judeus que desejam e terão seu Estado. Temos que, finalmente, viver livremente em nossa terra.
A visão se Herzl se concretizou. Com o Estado de Israel, inicia-se uma nova fase na tradição judaica, chamada atchalta degueulá – início da redenção; a cristalização de todas as profecias bíblicas e anseios de nossos antepassados. Agora temos de volta nossa amada terra e, principalmente, uma defesa política.
Israel desempenha um papel vital e central na vida da comunidade judaica mundial, em todo os aspectos. Apoiar Israel e promover um maior intercâmbio entre a Terra Santa e a Diáspora é lutar com a melhor das armas pela continuidade de nosso povo. Neste sentido, devemos estar atentos ao que lá ocorre; interessar-se, informar-se e buscar meios de ajudar o Estado, sempre ressaltando o caráter democrático que o rege. Devemos lutar, também, pelo pleno reconhecimento de nossa ideologia por parte das demais correntes, de forma a enfatizar o aspecto pluralista do judaísmo.
Somente assim, tornaremos Israel em or lagoym – uma luz para as nações -, através da inserção dos conceitos ético-sociais bíblicos, talmúdicos e filosóficos no cenário cotidiano de nossa Terra Sagrada. É a nossa luta por paz, amor entre irmãos, harmonia, etc.
Questões para reflexão:
1) Até que ponto o que ocorre em Israel afeta sua vida?
2) Como você acha possível estabelecer uma maior intercâmbio entre a sua comunidade e Israel?
3) Você fala hebraico? Se não, qual sua importância para você? Será o hebraico vital para o mundo judaico contemporâneo?
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná