“Sinto-me pequeno para toda a bondade que fizeste com teu servo...” (Gênesis 32:11). Jacó, apesar do iminente perigo que se aproximava na Parashá da semana passada – seu rancoroso irmão Esaú, de quem havia “comprado” o direito da primogenitura anos antes, indo ao seu encontro com quatrocentos homens – ainda encontra forças para agradecer a Deus por tudo de bom que lhe ocorrera até então.
Conta-se uma história sobre o patriarca de uma abastada família que levou seu filho a uma viagem pela campo a fim de mostrar-lhe como vivem os menos afortunados.
Passaram dias e noites numa humilde fazenda que julgaram pertencer a uma família muito pobre. Na volta, o pai perguntou ao filho: “Como foi a viagem?”
- “Foi fantástica, papai.” – exclamou com exaltação.
- “Você viu como a gente pobre vive?”- indagou o pai, curioso com sua reação.
- “Oh! Claro!” – retrucou confiante.
- “Então, o que você aprendeu dessa viagem?” – ainda cismado com seu entusiasmo.
E assim respondeu o garoto, com as mais sábias palavras que possam vir de um coração: “Vi que temos um cachorro, mas eles têm quatro. Temos uma piscina que atravessa nosso jardim, mas eles têm um rio que não tem fim. Temos luminárias importadas decorando nossas salas, mas eles têm o brilho das estrelas ao anoitecer. Nosso pátio é o maior do bairro, mas eles têm o infinito do horizonte. Temos um pedaço de terra para viver e eles têm vastos campos além da visão. Temos inúmeros empregados que nos servem, mas eles podem servir aos outros. Compramos nossa comida, mas eles cultivam o que comem. Temos muros e paredes que nos protegem, mas eles têm amigos para protegê-los.”
Com isso, o pai ficou sem palavras, ao que o filho completou: “Obrigado, papai, por mostrar-me como existe gente mais rica que nós.”
Muitas vezes esquecemo-nos do que já conquistamos e concentramo-nos no que não possuímos. Pobres ou ricos, quer estejamos passando por dificuldades ou, Baruch Hashem, não, todos – TODOS! – temos motivos para agradecer. Qual é a primeira prece do Sidur, recitada logo ao acordarmos? Modê ani – agradeço a Ti, Rei vivo e vigoroso, que bondosamente devolveste minha alma; grande é a minha fé em Ti. Levantamo-nos logo pela manhã e já começamos a calcular (lembro-me do célebre “O homem que calculava”, de Malba Tahan), não é mesmo? O que fazer primeiro? Café da manhã, depois levar as crianças para a escola, trabalho, contas a pagar, despesas...ufa! Em nosso dia a dia, não é muito difícil montar uma lista das várias reclamações que temos a fazer: “E se hoje, só hoje, pudesse deixar de levar as crianças para dormir um pouco mais? Onde vou arrranjar dinheiro para isso? E tempo, estou sem tempo!” - bem poderiam ser títulos de filmes de suspense.
Já se deram conta de como é bom ter tudo isso para fazer? Imaginemos nosso herói Jacó. Voltando para casa, acampado e diante de uma situação na qual o confronto físico parecia inevitável. Coloquemo-nos em seu lugar: mulheres e crianças na iminência de serem mortas ou violentadas, suas posses ameaçadas e até mesmo sua vida! No entanto, lá estava ele, agradecendo. Por quê? Pois simplesmente estava lá. Estava vivo e enquanto o estivesse, sua esperança não terminaria. Problemas, todos temos ou teremos. Mas depende de nós encorajarmo-nos ante um desafio ou amedrontarmo-nos com um obstáculo. Enquanto isso, agradeça pelo simples fato de agradecer. O maior ato de religiosidade reside em saber que já é uma grande dádiva estarmos vivos, sermos o que somos e termos o que temos. O resto fica para depois!
Conta-se uma história sobre o patriarca de uma abastada família que levou seu filho a uma viagem pela campo a fim de mostrar-lhe como vivem os menos afortunados.
Passaram dias e noites numa humilde fazenda que julgaram pertencer a uma família muito pobre. Na volta, o pai perguntou ao filho: “Como foi a viagem?”
- “Foi fantástica, papai.” – exclamou com exaltação.
- “Você viu como a gente pobre vive?”- indagou o pai, curioso com sua reação.
- “Oh! Claro!” – retrucou confiante.
- “Então, o que você aprendeu dessa viagem?” – ainda cismado com seu entusiasmo.
E assim respondeu o garoto, com as mais sábias palavras que possam vir de um coração: “Vi que temos um cachorro, mas eles têm quatro. Temos uma piscina que atravessa nosso jardim, mas eles têm um rio que não tem fim. Temos luminárias importadas decorando nossas salas, mas eles têm o brilho das estrelas ao anoitecer. Nosso pátio é o maior do bairro, mas eles têm o infinito do horizonte. Temos um pedaço de terra para viver e eles têm vastos campos além da visão. Temos inúmeros empregados que nos servem, mas eles podem servir aos outros. Compramos nossa comida, mas eles cultivam o que comem. Temos muros e paredes que nos protegem, mas eles têm amigos para protegê-los.”
Com isso, o pai ficou sem palavras, ao que o filho completou: “Obrigado, papai, por mostrar-me como existe gente mais rica que nós.”
Muitas vezes esquecemo-nos do que já conquistamos e concentramo-nos no que não possuímos. Pobres ou ricos, quer estejamos passando por dificuldades ou, Baruch Hashem, não, todos – TODOS! – temos motivos para agradecer. Qual é a primeira prece do Sidur, recitada logo ao acordarmos? Modê ani – agradeço a Ti, Rei vivo e vigoroso, que bondosamente devolveste minha alma; grande é a minha fé em Ti. Levantamo-nos logo pela manhã e já começamos a calcular (lembro-me do célebre “O homem que calculava”, de Malba Tahan), não é mesmo? O que fazer primeiro? Café da manhã, depois levar as crianças para a escola, trabalho, contas a pagar, despesas...ufa! Em nosso dia a dia, não é muito difícil montar uma lista das várias reclamações que temos a fazer: “E se hoje, só hoje, pudesse deixar de levar as crianças para dormir um pouco mais? Onde vou arrranjar dinheiro para isso? E tempo, estou sem tempo!” - bem poderiam ser títulos de filmes de suspense.
Já se deram conta de como é bom ter tudo isso para fazer? Imaginemos nosso herói Jacó. Voltando para casa, acampado e diante de uma situação na qual o confronto físico parecia inevitável. Coloquemo-nos em seu lugar: mulheres e crianças na iminência de serem mortas ou violentadas, suas posses ameaçadas e até mesmo sua vida! No entanto, lá estava ele, agradecendo. Por quê? Pois simplesmente estava lá. Estava vivo e enquanto o estivesse, sua esperança não terminaria. Problemas, todos temos ou teremos. Mas depende de nós encorajarmo-nos ante um desafio ou amedrontarmo-nos com um obstáculo. Enquanto isso, agradeça pelo simples fato de agradecer. O maior ato de religiosidade reside em saber que já é uma grande dádiva estarmos vivos, sermos o que somos e termos o que temos. O resto fica para depois!
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná