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Misheberach Lechaialei Tzahal

Misheberach Lechaialei Tzahal
Prece pelos Soldados de Israel - Aquele que abençoou nossos pais Avraham, Itschak e Yaakov, abençoará os soldados das Forças de Defesa de Israel, que guardam a nossa terra e as cidades de nosso D-us (...) O Santo, bendito seja Ele, guardará e livrará os nossos soldados de toda angústia e aperto, e de toda ocorrência e enfermidade, e mandará bênção e sucesso em todos os seus atos (...) e digamos AMEN. (que os méritos das preces e estudos aqui realizados sejam revertidos como bênçãos a Alisha bat Devora)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

A metafísica dos sonhos no judaísmo - Parte III

Nossa memória é como uma chapa de vidro que registra instantânea e constantemente a impressão de uma imagem projetada sobre ela pela lente de uma câmera. Contanto que o instrumento esteja funcionando corretamente e sua imagem nitidamente focada, a chapa de vidro proporcionará retratos claros e precisos sempre que lhe for exigido. Mas, supondo o contrário, que a memória seja vaga para começar ou que tenha sido captada em condições de iluminação desfavoráveis ou de distância longa demais: conseguiríamos então, da chapa de vidro, apenas uma silhueta distinta, uma série de sombras ambíguas e contornos indefinidos. Agora, imaginemos a quantidade de “chapas” impressas que temos em nossas mentes, muitas das quais nem sequer lembramos ou temos conhecimento. Estas são as experiências do cotidiano – impenetráveis profundezas de imagens acumuladas em nossa memória – que são responsáveis por toda a fantasia dos sonhos. Parte da memória destes fatos é descartada no banco de dados do cérebro, mas algumas lembranças passam para os circuitos químicos responsáveis pelos sonhos. Durante o estágio REM “rapid eyes movement”- a fase do sono paradoxal, - impulsos elétricos são enviados do tronco cerebral para o córtex visual, o que produz o sonho, associado às experiências do dia ou aquela já vividas, armazenadas em nosso “winchester” biológico.
No entanto, para os místicos, os sonhos devem ser levados à sério. Uma vez que revelam nossas emoções primárias, podem prover-nos de caminhos bem definidos às nossas mais ocultas profundezas. Exortam-nos a confrontar nossos sonhos honestamente e não apenas ignorá-los ou descartá-los como irrelevantes. Ainda mais enfaticamente, o Zohar afirma que “um sonho que não é lembrado nem deveria ter sido sonhado e, portanto, um sonho esquecido nunca se cumpre”(vol. 2 pg. 258).
Para desempenhar esta tarefa de interpretação é necessária uma técnica específica aos olhos destes mestres, um conjunto de regras bem definidas, invioláveis e que não podem variar de uma pessoa para outra. A Cabalá explica que, se algum dos elementos do sonho for mal interpretado, todo seu significado ficará obscuro. Apesar de ensinar-nos que sim são portadores de mensagens importantes para a pessoa, eles nos previnem sobre com quem compartilhar nossos sonhos. Avisam-nos a não discuti-los com qualquer pessoa. O Zohar é mais firme neste aviso, dizendo que a pessoa não deva revelá-lo a não ser a seu amigo mais próximo. Tudo pelo medo de que o ouvinte perverta a importância do sonho e seu conseqüente significado. A preocupação com o charlatanismo, ao contrário do que aparenta, não é uma coisa moderna. E mais, parece que a interpretação dos sonhos sempre foi um bom negócio. O Talmud (ibid. 56a) relata sobre uma pessoa chamada Bar Hedia que oferecia seus serviços para ilustres curiosos. Isto, porém, de uma forma bem peculiar: quanto melhor o pagamento mais favorável a revelação do sonho e vice-versa. Mas vocês provavelmente "nunca" ouviram falar sobre isso.
Como se dá a decodificação dos sonhos segundo a mística judaica?
Todo e qualquer sonho humano pode ser decodificado de um mesmo sistema lógico-interpretativo. Embora encontremos passagens, principalmente bíblicas, de sonhos enigmáticos, perturbadores, ou até mesmo inspirados por forças superiores, isto não significa que não sejam passíveis de elucidação. A normativa judaica assume que todos os sonhos vão de acordo com sua interpretação. Talvez a mais famosa e intrigante seja a passagem de José no Egito e, acredito, muitos de vocês estão curiosos para saber a posição judaica com relação a ele. É importante novamente ressaltar que o judaísmo faz uma clara distinção entre sonhos comuns e aqueles de conotação clarividente, procurando sempre, na medida do possível, interpretá-los cientificamente.. Portanto, vamos deixar este caso específico para o final de nossa exposição.
(continua)