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Misheberach Lechaialei Tzahal

Misheberach Lechaialei Tzahal
Prece pelos Soldados de Israel - Aquele que abençoou nossos pais Avraham, Itschak e Yaakov, abençoará os soldados das Forças de Defesa de Israel, que guardam a nossa terra e as cidades de nosso D-us (...) O Santo, bendito seja Ele, guardará e livrará os nossos soldados de toda angústia e aperto, e de toda ocorrência e enfermidade, e mandará bênção e sucesso em todos os seus atos (...) e digamos AMEN. (que os méritos das preces e estudos aqui realizados sejam revertidos como bênçãos a Alisha bat Devora)

terça-feira, 26 de junho de 2007

A metafísica dos sonhos no judaísmo - Parte II

Os mestres chassídicos – uma variação da Cabalá - a partir do séc. XVI enfatizaram e muito estas idéias. Muitos de seus fervorosos seguidores caminhavam por horas a fio, dia e noite, a fim de obterem um maior conhecimento e elevação espiritual. Conseqüentemente, seus mentores gentil, mas firmemente pregavam que era necessário manter um descanso satisfatório para levarmos uma vida verdadeiramente harmoniosa. Não importa o quão fortemente sentimo-nos compelidos a ocupar-nos com atividades: é necessário encontramos um tempo para nós mesmos. Curiosamente, os primeiros chassídicos até julgavam o bem-estar mental de seus seguidores pela qualidade de seu sono. Conta-se uma anedota muito famosa sobre um renomado discípulo que, após falecer, foi levado ao Tribunal Celestial. Lá, uma única pergunta lhe foi feita: qual foi a coisa mais importante que havia aprendido de seu mestre. Sua resposta não foi outra: “Aprendi como se deve dormir”. Vivemos em uma sociedade altamente desenvolvida, globalizada e em constante transformação. O relógio torna-se nosso inimigo a cada guinada de seus ponteiros. Será que aprendemos esta lição?
Mas o que significa dormir bem? Dormir muito? Até muito pouco tempo atrás, bom sono era sinônimo de sono de longa duração. Aos que dormiam pouco, não deixava de causar inveja a capacidade daqueles que rompiam a barreira das 8, 10 horas de descanso tranqüilo. A ciência porém, tem se aprofundado suficientemente nos mecanismo do sono a ponto de rever conceitos tidos, até então, como verdades indiscutíveis. Hoje sabemos que mais importante que a duração de um sono é dormir ciclos completos de sono. Esses ciclos, que duram entre 90 e 100 minutos em média, sucedem-se durante a noite, cada um deles com várias fases: a primeira, de adormecimento, vai de alguns segundos a alguns minutos; a segunda, de sono leve, dura cerca de 20 minutos; o sono profundo, que costuma somar 10 minutos; o sono muito profundo, que pode chegar a uma hora, sendo que nesta fase o cansaço físico é eliminado e, finalmente, a última fase, a do sono paradoxal, também conhecida com REM “rapid eyes movement”, ou movimento rápido dos olhos, que dura aproximadamente 15 minutos, sendo a base da recuperação psíquica, durante a qual ocorrem os sonhos. Interromper um ciclo de sono é, portanto, não permitir que todas as suas fases ocorram, cada qual desempenhando um papel único no nosso descanso noturno.
E, para os cabalistas, esta última fase, a dos sonhos, é claramente o mais importante aspecto do sono. Constantemente, a maioria das escrituras visionárias do judaísmo insiste que os sonhos oferecem-nos a chave-mestra para a auto-exploração, assim como uma trilha para uma maior compreensão a respeito do universo. Na realidade, mesmo para a tradição normativa judaica, principalmente o Talmud Babilônico do séc. VI - o qual estuda os processos psíquicos humanos procurando, na medida do possível, descaracterizá-los de qualquer clarividência - os sonhos são amplamente valorizados por seu potencial auxílio em nossas vidas cotidianas. O próprio Talmud traz folhas e folhas de discussão a respeito de seu significado.
Os mestres cabalistas, longe de procurarem vê-los como inexplicáveis experiências, ensinavam que a maioria dos sonhos são um reflexo de nossa mente cotidiana. Para entendermos sua posição, vamos tomar por exemplo dois relatos muito curiosos do Talmud (Berachot 56a):
Certa vez, o imperador romano disse para o rabino Yehoshua filho de Chanina: Já que você se julgam muito inteligentes, digam-me o que sonharei esta noite. O sábio respondeu que em seu sonho, o César seria capturado pelos seus inimigos persas, que o maltratariam e ele seria pastor de répteis com um bastão de ouro. E o que aconteceu? À noite ele sonhou exatamente com isso. Logo em seguida, o Talmud continua narrando uma situação semelhante, entre o imperador persa e o sábio Samuel. À pergunta do imperador, o sábio respondeu que em seu sonho, os romanos o capturariam e o deixariam moendo trigo em um moinho de ouro. E o que houve? Acreditem ou não, o Talmud diz que foi exatamente este o sonho do imperador.
Milagres? Profecias? Dons transcendentais de nossos mestres? Nada disso. O texto deixa bem claro o motivo de seus sonhos: impressionados com tão absurda interpretação, passaram o dia inteiro pensando nela.
(continua)