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Misheberach Lechaialei Tzahal

Misheberach Lechaialei Tzahal
Prece pelos Soldados de Israel - Aquele que abençoou nossos pais Avraham, Itschak e Yaakov, abençoará os soldados das Forças de Defesa de Israel, que guardam a nossa terra e as cidades de nosso D-us (...) O Santo, bendito seja Ele, guardará e livrará os nossos soldados de toda angústia e aperto, e de toda ocorrência e enfermidade, e mandará bênção e sucesso em todos os seus atos (...) e digamos AMEN. (que os méritos das preces e estudos aqui realizados sejam revertidos como bênçãos a Alisha bat Devora)

domingo, 17 de junho de 2007

Carta a alguém que quer ser feliz


Meu amigo,

Kafka conta a história sobre um homem que chega à porta da felicidade. Seu passo é firme e decidido. Uma força invisível parece atraí-lo até ali. Era, de fato, sua porta da felicidade. Entretanto, enquanto se aproxima cheio de esperança, surge o guardião que, admirado e olhando-o fixamente, põe-se na sua frente. E como era amedrontador...
Nosso homem fica um pouco perplexo, desconcentrado e sem capacidade de reação. Depois de vacilar por alguns instantes, senta-se no chão e fica pensativo, ensimesmado. E assim passa um bom tempo...
Em seguida, começa a olhar ao seu redor, curioso: a porta, as janelas, o prédio... como se buscasse um modo de entrar e enganar o guardião. Nenhuma solução parece suficiente. Nervoso, luta com o desejo, a dúvida, a indecisão... E vai embora.
Passam-se os anos e todos os dias o homem caminha em direção à porta da felicidade. Quantas maravilhas deveriam estar aguardando apenas pelo momento em que atravessasse pela soleira. Mas lá está o guardião, imponente como uma resistente muralha.
O tempo não perdoa e o homem, já muito velho e doente, sente-se esmorecido. Quem sabe esse seu estado inspire compaixão ao guardião e o deixe entrar... Assim, reunindo as últimas forças, aproxima-se da porta e pergunta com voz moribunda:
- Se esta é a porta da minha felicidade, por que nunca me deixou entrar?
E o guardião, surpreso, retruca:
- Mas você nunca me pediu...
Felicidade... Poucas letras que contém dentro de si o segredo da existência humana. É uma palavra que precisa ser pensada, para não a termos como poesia separada da realidade. Vale lembrar que o direito à felicidade é assegurado pela Declaração dos Direitos do Homem, aprovada pela Organização da Nações Unidas. Muito antes disso, já advertia a Torá sobre como as pessoas tristes seriam punidas, “pois você não serviu ao Eterno com alegria e com o coração feliz” (Deuteronômio 28:47). Portanto, embora amemos a poesia, não se trata de suspirar pelo impossível, como alguns entendem ser a poesia.
A felicidade só é impossível àqueles que temem lançar-se ao desafio de buscá-la. Não a vejo como um objetivo, mas como um ideal. Não é uma situação, mas uma decisão. Talvez não a conquistemos, mas teremos iniciado o caminho rumo ao seu encontro. E, principalmente, teremos dado um sentido, uma razão à nossa vida. É melhor fechar-se numa concha e desistir da felicidade pelo puro medo do desconhecido? É verdade: a felicidade traz consigo o sabor do desconhecido. Passamos inúmeras vezes durante nossa existência por portas da felicidade. Queremos saber o que há lá dentro; se realmente vale a pena. Imaginamos mil coisas e esperamos que ela se abra para nós com todas as garantias, pois somos merecedores. Com isso, esquecemos do essencial: pedir para entrar. O problema não é quem merece ou deixa de merecer, mas quem toma uma atitude e corre atrás do que acredita e quer para si! E perdemos nossa chance, pelo mero receio de superar nossos próprios limites. Meu amigo, muitas outras portas poderão abrir-se para você, mas talvez aquela se feche para sempre.
A felicidade é uma estrada longa e sinuosa, plena de armadilhas, e é muito mais fácil abandoná-la que trilhá-la. Quem quer ser feliz haverá de remar contra a maré, não esperando aplausos ou incentivo para esta empreitada. Felicidade não é um prêmio; é uma escolha e ainda mais: um verdadeiro atrevimento. Afonso Duarte de Barros dizia “felizes os que sonham, ainda que não possam realizar os sonhos.” Às vezes precisamos deixar o passado para sonhar – mesmo sabendo que talvez não tenhamos as asas necessárias para alcançar as nuvens da felicidade –, mas tudo nesta vida tem seu preço. A questão é: arcamos com os custos de nossa felicidade ou não? Deixemos o velho de fora e abramos espaço para o novo. Assuma um compromisso comigo hoje e diga a si mesmo: eu vou ser feliz! Neste nigun (melodia) da vida, não podemos deixar passar sequer uma nota.
Meu amigo, estarei aqui esperando pelo seu sucesso. Pois mesmo que fracasse, será um vencedor por apenas ter tentado. Faça de sua poesia uma história viva e repleta de momentos felizes. Sempre haverá um amigo a apoiá-lo, palmas abertas a felicitá-lo e um braço estendido a consolá-lo. Afinal, não há quem feche a porta da amizade. Boa sorte!


Prof. Sami Goldstein

Rabino da Comunidade Israelita do Paraná