Em meio a um mundo caótico, dominado pela violência e falta de valores, sentimo-nos cada vez mais impotentes ante tal situação. A visão de um inimigo poderosíssimo faz com que qualquer potencial reação de nossa parte seja precedida por um momento de indecisão. Fraquejamos diante da iminente derrota que criamos em nossas mentes. “Para que lutar?”, “de que irá adiantar?”, ou “nosso empenho é inútil!” são apenas alguns dos vários argumentos que construímos durante nossa trajetória. Remar contra a maré exige que sejamos hábeis marinheiros. Vemo-nos, porém, como frágeis ferramentas incapazes de servir ao propósito de nossa criação. Entretanto, como protagonistas no palco da história, precisamos saber se nossa atuação condiz com o papel a nós confiado, para, no fim do enredo, chegarmos a uma empolgante conclusão deste drama. Sabemos?
A vida é um magnífico dom; o maior dos tesouros. Mas há uma grande diferença entre existir e viver. Cabe-nos a opção de existirmos como seres humanos – mais uma espécie entre tantas outras – ou vivermos como homens, cientes de nossa fundamental tarefa na constante renovação do universo que nos cerca. Nesse contexto, despontamos como uma pequena, porém essencial, gota no oceano da humanidade e por ela somos humanizados, cristalizando um maravilhoso ciclo no qual damos e recebemos.
Elie Wiesel diz que “Deus criou o homem porque gosta de ouvir histórias”. Conta-se uma sobre a mãe que, certo dia, levou seu filho de cinco anos para passear no parque. Enquanto brincava no tanque de areia, a criança notou um menino da sua idade numa cadeira de rodas. Como estava só, foi convidá-lo a brincar. Pequeno que era, não podia entender que ele não teria como entrar no tanque. O menino na cadeira de rodas, chorando, agradeceu e começaram a conversar. Nesse momento, o primeiro pegou sua pá, encheu-a de areia e despejou tudo no colo de seu novo amigo. Logo em seguida, fez o mesmo com seus brinquedos. Sua mãe, surpresa com a atitude, perguntou-lhe: “Mas por que você fez isso?” E a criança, na mais pura ingenuidade, respondeu com a voz de seu coração: “Ele não podia entrar na areia, então levei a areia até ele. Agora podemos brincar juntos!”
Constatar problemas é muito fácil. Podemos permanecer comodamente instalados em nossos “tanques de areia”, felizes por sermos afortunados. Podemos, inclusive, notar os defeitos que existem em nossos companheiros e agradecer por estarem fora de nosso meio, tornando-nos passivos cúmplices de um mundo desumano. Afinal, como dizia um célebre pensador (Konrad Adenauer), vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos o mesmo horizonte; e acostumamo-nos com esta idéia. Envolver-se implica em esforço e o desafio intimida. No entanto, enquanto omissos, nossos filhos estão aí, aprendendo a julgar correto o incorreto, tomando o exemplo de seus pais. Sem um modelo de ação, acabam encontrando seus próprios métodos, os quais, na maioria das vezes, provam-se ainda mais nebulosos. O Pirkei Avot – a Ética dos Pais, dá-nos seu recado: “ninguém lhe pede que termine o trabalho, mas nem por isso você é livre para abandoná-lo” (Ética dos Pais 2,15). Cada um tem, ao seu modo e de acordo com as possibilidades, sua parcela de responsabilidade. Se o mundo fora de nosso “tanque” for deficiente, devemos a ele estender nossa “areia” – tudo o que nos traz segurança, alegria e conforto - e não apenas assistir descompromissadamente a um nefasto espetáculo. Todos temos o direito “brincar” em pé de igualdade e, principalmente, juntos. Se as águas forem turbulentas e ameaçarem nossos objetivos, lembremo-nos, como marinheiros da razão, que não é a pressão do vento nas velas, mas o insistente movimento do timão que determina o curso de nossas vidas. Não enfrentar os problemas de nossa sociedade é sentar-se no banco dos réus para simplesmente ouvir a sentença: culpado!
A vida é um magnífico dom; o maior dos tesouros. Mas há uma grande diferença entre existir e viver. Cabe-nos a opção de existirmos como seres humanos – mais uma espécie entre tantas outras – ou vivermos como homens, cientes de nossa fundamental tarefa na constante renovação do universo que nos cerca. Nesse contexto, despontamos como uma pequena, porém essencial, gota no oceano da humanidade e por ela somos humanizados, cristalizando um maravilhoso ciclo no qual damos e recebemos.
Elie Wiesel diz que “Deus criou o homem porque gosta de ouvir histórias”. Conta-se uma sobre a mãe que, certo dia, levou seu filho de cinco anos para passear no parque. Enquanto brincava no tanque de areia, a criança notou um menino da sua idade numa cadeira de rodas. Como estava só, foi convidá-lo a brincar. Pequeno que era, não podia entender que ele não teria como entrar no tanque. O menino na cadeira de rodas, chorando, agradeceu e começaram a conversar. Nesse momento, o primeiro pegou sua pá, encheu-a de areia e despejou tudo no colo de seu novo amigo. Logo em seguida, fez o mesmo com seus brinquedos. Sua mãe, surpresa com a atitude, perguntou-lhe: “Mas por que você fez isso?” E a criança, na mais pura ingenuidade, respondeu com a voz de seu coração: “Ele não podia entrar na areia, então levei a areia até ele. Agora podemos brincar juntos!”
Constatar problemas é muito fácil. Podemos permanecer comodamente instalados em nossos “tanques de areia”, felizes por sermos afortunados. Podemos, inclusive, notar os defeitos que existem em nossos companheiros e agradecer por estarem fora de nosso meio, tornando-nos passivos cúmplices de um mundo desumano. Afinal, como dizia um célebre pensador (Konrad Adenauer), vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos o mesmo horizonte; e acostumamo-nos com esta idéia. Envolver-se implica em esforço e o desafio intimida. No entanto, enquanto omissos, nossos filhos estão aí, aprendendo a julgar correto o incorreto, tomando o exemplo de seus pais. Sem um modelo de ação, acabam encontrando seus próprios métodos, os quais, na maioria das vezes, provam-se ainda mais nebulosos. O Pirkei Avot – a Ética dos Pais, dá-nos seu recado: “ninguém lhe pede que termine o trabalho, mas nem por isso você é livre para abandoná-lo” (Ética dos Pais 2,15). Cada um tem, ao seu modo e de acordo com as possibilidades, sua parcela de responsabilidade. Se o mundo fora de nosso “tanque” for deficiente, devemos a ele estender nossa “areia” – tudo o que nos traz segurança, alegria e conforto - e não apenas assistir descompromissadamente a um nefasto espetáculo. Todos temos o direito “brincar” em pé de igualdade e, principalmente, juntos. Se as águas forem turbulentas e ameaçarem nossos objetivos, lembremo-nos, como marinheiros da razão, que não é a pressão do vento nas velas, mas o insistente movimento do timão que determina o curso de nossas vidas. Não enfrentar os problemas de nossa sociedade é sentar-se no banco dos réus para simplesmente ouvir a sentença: culpado!
Prof. Sami Goldstein
Rabino da Comunidade Israelita do Paraná