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Misheberach Lechaialei Tzahal

Misheberach Lechaialei Tzahal
Prece pelos Soldados de Israel - Aquele que abençoou nossos pais Avraham, Itschak e Yaakov, abençoará os soldados das Forças de Defesa de Israel, que guardam a nossa terra e as cidades de nosso D-us (...) O Santo, bendito seja Ele, guardará e livrará os nossos soldados de toda angústia e aperto, e de toda ocorrência e enfermidade, e mandará bênção e sucesso em todos os seus atos (...) e digamos AMEN. (que os méritos das preces e estudos aqui realizados sejam revertidos como bênçãos a Alisha bat Devora)

sábado, 23 de junho de 2007

Preciso de um rabino porque...

Você seria capaz de completar esta frase? Não, não quero que diga algo como “porque um rabino é fundamental para uma comunidade” ou simplesmente “porque sim”. Todos sabemos a importância de um rabino numa comunidade: é ele quem ministra aulas, organiza os Serviços Religiosos, celebra os marcos do ciclo da vida, etc. Enfim, todos sabemos o porquê de um rabino ser importante para todos. Diz a Mishná: “Faça para ti um rabino” (Ética dos Pais 1,6). Para ti! “Mas, não entendo...” – talvez seja sua pergunta: “Por que a Mishná dirige-se a mim? O rabino é importante para todos!” Não se preocupe: isso não é qualquer novidade até mesmo para os sábios daquela época. Entretanto, o que querem saber é se realmente a presença de um rabino é essencial à sua vida enquanto indivíduo. Muitos terão chegado ao final deste texto sem ainda conseguir preencher as reticências.
Para uns, o rabino é a solução mágica de seus problemas. Pessoas aglomeram-se em filas na agenda para expor seus tsures (palavra em ídiche para tragédias, problemas), sempre na expectativa de que o líder espiritual resolva-os o mais rapidamente possível. Como que, através de um “abracadabra”, o mentor precisa desdobrar-se de modo não frustrar seu rebanho. Claro, está entre suas atribuições ouvir, aconselhar e, dentro de sua capacidade, ajudar a resolver problemas. Como a própria palavra em hebraico para o cargo, rav, cujo sinônimo mais próximo é moré, professor e guia, o rabino é aquele quem orienta a pessoa a buscar, através de suas próprias ferramentas, a concretização de seus desejos. Entretanto, quando não o consegue, ouve-se com freqüência: “pois é, o rabino é muito bom para os outros, mas para mim...” Para outros, ele é a justificativa de sua omissão. Neste caso, o rabino é investido de uma força sobrenatural capaz de isentar pessoas do cumprimento de seus deveres: “bom, não como Kasher, mas meu rabino come” ou “rezar todo dia é coisa para rabinos; com certeza ele o faz pensando em mim”. Sem dúvida que pensa. Curiosamente, nesta situação, o inverso também é verdadeiro: “eu não como Kasher, mas se eu pegar o rabino comendo no restaurante, ah, coitado dele” ou “está certo que não rezo todo dia, mas... O rabino? Faltar um dia à reza? Que absurdo... e bem no dia que faltava apenas um para o Minián. Por causa dele não pude recitar o Kadish.” Há aqueles aos quais o rabino é a projeção do que não querem ser ou fazer: “ainda bem que temos o rabino para fazer isso, pois eu não queria estar em seu lugar.” Em determinados momentos, o rabino é necessário para que haja um culpado pelo que ocorre: “se a comunidade não sabe, é porque o rabino não ensina” ou “bem que tive boa vontade, mas o rabino nunca teve tempo para mim”. Realmente, achar um rabino é muito difícil, não é mesmo? Excetuando-se sua pesada rotina, é muito “improvável” encontrá-lo nos Serviços Religiosos ou no Shabat, simplesmente deixar-lhe um recado ou ligar para sua casa. Na pior das hipóteses, caso não tenha o número, com certeza conhece-se alguém que o tenha. Curiosamente, Moisés também era o culpado pelos problemas do povo no deserto. Aliás, é interessante como eles se lembravam do sabor dos pepinos e melancias no Egito, mas não o que por eles fizera: a libertação do cativeiro. E, se o rabino é também chamado de pastor, deve acostumar-se a esta herança milenar. O rabino é também imprescindível porque alguém precisa ser o chato da comunidade: “fui à sinagoga e o rabino brigou com todo mundo” ou “você viu o texto que o rabino escreveu? Não foi comigo que ele falou...” É próprio do rabino falar com todos e com ninguém ao mesmo tempo.
Enfim, existem tantas formas de completar a frase inicial apenas por seu lado negativo que, neste momento, paramos para refletir: será que realmente preciso de um rabino? Uns talvez cheguem à conclusão que não, não é importante. A estes, o esforço rabínico deve ser triplicado, para que vejam e, principalmente, sintam a necessidade pessoal de tê-lo. Numa etapa posterior – e juntamente com os que de imediato acreditam na vantagem de ter um rabino – a questão deve ser: como posso ajudar meu rabino? A Mishná não pede que a pessoa tenha um rabino, mas sim seu rabino. O rabino não precisa que você freqüente a sinagoga, pois é ele quem está falando em público, mas sim porque sua mensagem é importante para você. O rabino não precisa de apoio em seu trabalho – não apenas com palavras – pois é ele quem está aparecendo, mas sim porque sua missão tem como objetivo você. O rabino não adverte, pois tem prazer em fazê-lo, mas sim porque se preocupa com seu judaísmo e você. Pois a comunidade sem você é uma comunidade deficiente, carente e desprovida de um tesouro inigualável: você.
Vale a pena conferir o texto completo da Mishná: “Faça para ti um rabino” – fazer implica não apenas na existência do rabino, mas esforçar-se em que ele seja o seu – “e adquira um amigo” – se você realmente se esforçar, terá, além de um mestre, um grande amigo – fiel e dedicado –, sempre lembrando que “e sempre julgue as pessoas por seus méritos” – todos têm falhas, inclusive os rabinos; talvez não consigam fazer mágicas mirabolantes, mas nem por isso suas qualidades, virtudes e realizações podem ser desmerecidas. Os pepinos e melancias não podem pesar mais na balança da verdade.
E aí, vamos tentar? Preciso de um rabino porque...



Prof. Sami Goldstein

Rabino da Comunidade Israelita do Paraná